sábado, 24 de maio de 2008

Um herói para Downey Jr.

Os filmes baseados em histórias em quadrinhos têm se tornado tão importantes nos últimos tempos que vêm atraindo até atores importantes. Se no passado, películas como “Capitão América” (1990, estrelado por Matt Salinger), “Nick Fury – agente da Shield” (1988, estrelado pelo posteriormente astro de “Baywatch" David Hasselhoff) ou “Hulk” (série da década de 1970 estrelada por Lou Ferrigno) eram feitas por figuras inexpressivas, hoje as franquias atraem atores de peso como Nicolas Cage, do fraco “Motoqueiro Fantasma” (2007), Christian Bale, o novo Batman, cujo segundo filme, “O Cavaleiro das Trevas”, estréia por aqui em junho, e Edwad Norton, estrela do novo filme do Hulk que também estará nos cinemas no mês que vem.

Eu responsabilizaria o maior profissionalismo, a riqueza dos roteiros e a evidente evolução dos efeitos especiais como atrativos naturais para um ator de peso que queira se divertir um pouco com um blockbuster. Além, é claro, da falta de imaginação dos roteiristas de hoje em dia que não conseguem mais escrever aventuras inéditas e criar novos personagens e se atém apenas a transpor para a tela grande o que está em qualquer gibi.

Depois de fazer um jornalista obcecado por descobrir a identidade de um assassino no ótimo “Zodíaco” (2007), Robert Downey Jr. entra para o time dos atores de ponta que se rendem aos quadrinhos ao viver com extrema perfeição e sem maneirismos o cientista, playboy, milionário, mulherengo e gênio, Tony Stark, cujo alter-ego é mais conhecido como o Homem de Ferro.

Ponto inicial de uma nova era da Marvel, agora também um estúdio, “Homem de Ferro” é um dos melhores filmes baseado em quadrinhos muito por causa de Downey Jr., um ótimo ator, que consolida sua retomada do inferno das drogas com um trabalho que convence o fã mais xiita logo na abertura.

Ao som de “Back in Black”, do AC/DC, somos apresentados ao seu Tony Stark, uma figura despojada, que caminha no meio das montanhas do Afeganistão como quem está em Malibu, com seus ternos bem cortados, o jeito um tanto quanto debochado e a bebida sempre ao seu lado. Quem conhece bem a história do “Homem de Ferro” sabe, inclusive, que este é o seu maior fraco. Se Downey Jr. teve que enfrentar problemas com vício no passado, Tony Stark já teve que superar o alcoolismo, um tema que certamente será abordado em futuros filmes.

Mas não acredito que seja possível resumir apenas às tragédias comuns o fato de Downey Jr. ter se sentido tão à vontade ao viver Tony Stark. Se deve também a acertada aposta em levar a sério um produto que é de puro entretenimento seja na escalação do elenco, seja na hora de respeitar a característica de cada personagem na produção do roteiro. “Homem de Ferro” é a continuação de uma linha que já vinha dando certos nas trilogias dos X-Men e do Homem-Aranha e que toda vez que foi desviada deu em bombas como os dois filmes do Justiceiro, o Demolidor, Elektra e os dois filmes do Quarteto Fantástico.

Todos estes acometidos pelo mesmo problema: atores fracos e roteiros rasos interpretando heróis com tantas nuances que não foram aproveitadas, em especial os conflitos internos de Frak Castle (Justiceiro) e Matt Murdock (Demolidor). Sem falar na Elektra com transtorno obssessivo-compulsivo.

Em “Homem de Ferro”, como nos exemplos bem sucedidos que já listei, a tecnologia está a serviço da história e é apenas o tapete vermelho para brilharem nomes como Jeff Bridges, perfeito como o vilão Obadiah Slane, e Gwyneth Paltrow, a Pepper Potts que todo milionário gostaria de ter.

Seguindo esta linha a Marvel (e também a DC, dona de histórias como Superman e Batman), tem tudo para fazer dos filmes de quadrinhos um gênero aguardado quanto para quem passou a adolescência lendo estas histórias e sente saudades (que é o meu caso) quanto para novos e cada vez mais escassos leitores.

Que o “Homem de Ferro” ganhe continuações e que a deixa para um ainda mais ambicioso filme dos Vingadores, vista logo após os créditos do filme (e cada vez mais real com o projeto ainda em fase de pré-produção intitulado “Captain America – The First Avenger”, que encontro no site IMDB), se torne fato consumado. Seria muito bom ver reunidos atores como Downey Jr., Edward Norton e outros nomes ainda obscuros que venham a viver o Capitão América, Thor, Namor, Feiticeira Escarlate e Visão numa versão cinematográfica da super-equipe do governo americano.

Um dos pontos altos de “Homem de Ferro” é a sua trilha sonora com muito rock’n’roll. Em homenagem ao filme, coloco abaixo dois vídeos: AC/DC cantando “Back in Black” e Black Sabbath tocando “Iron Man”.




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