sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cotação da corneta: 'Mad Max - estrada da fúria'

Max enfrenta um calor típico carioca
"Meu nome é Max. Eu sou mau, não faço a barba e sou um dos sobreviventes de um mundo pós-apocalíptico. Nesse planeta que os homens do passado deixaram para mim após uma hecatombe nuclear, o sol é sempre inclemente e a minha próxima refeição é o que eu encontro pela frente. Pode ser um percevejo ou um calango de duas cabeças. E esse é o (re) começo da minha história".

Passaram 30 anos desde que George Miller lançou "Mad Max - além da cúpula do trovão", terceiro e último filme da saga estrelada por Mel Gibson. Nestas três décadas, Miller se ocupou em fazer filmes fofos como “Babe: o porquinho atrapalhado na cidade” (1998) e “Happy Feet: O Pinguím” (2006).

Mas se você achava que ele não tinha aquele feeling para fazer um bom filme de ação, daqueles como gostamos de ver com peripécias, estripulias e cenas mentirosas, está muito enganado. Miller pegou um roteiro que estava hibernando há algum tempo, chamou Tom Hardy (o novo Max Rockatansky) e Charlize Theron (Furiosa) para o deserto da Namíbia e disse: vamos trabalhar numa coisa ÉPICA.

E "Mad Max - estrada da Fúria" é totalmente excelente. O melhor blockbuster de todos lançados neste ano até o momento. E olha que estamos falando num 2015 que já teve “Kingsman: Serviço secreto” e “Velozes e Furiosos 7”. Não Vingadores, vocês não entrarão nessa lista.

Tem cada coisa maravilhosa que você pode fazer com novas tecnologias que nem dá para condenar os reboots e releituras incessantes que andam acontecendo no cinema. Só neste ano temos o novo “Jurassic Park” e o novo “Poltergeist”, cujo trailer é ASSUSTADOR. Se por um lado isso pode denunciar uma crise de criatividade (ok, um ponto que concordo em parte), é tentador usar novos brinquedinhos tecnológicos revisitando velhas histórias.

No novo filme de George Miller, Max é capturado pelo grupo de Garotos da Guerra, homens brancos que seguem a filosofia “I live, I die, I live again” e que são obsessivos por missões suicidas que os levem para Valhalla, o paraíso da mitologia nórdica e também uma música do Judas Priest. Colocam nele uma focinheira de Hannibal Lecter e o transformam em doador involuntário de sangue. O objetivo disso é fortalecer os Garotos da Guerra para as batalhas neste mundo em que todos falam pouco, mas batem muito. A linguagem do futuro é a violência e a agressividade (ops, será que eu estava falando do futuro mesmo?)

Essa tribo onde vivem os Garotos da Guerra e outras castas menos abastadas é comandada por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que também fez o vilão no primeiro Mad Max, de 1979). Immortan é o tirano de máscara sinistra e cheio de marcas de guerra que comanda a massa oprimida do alto da montanha. De lá, ele dá algumas gotas de água para o povão sofrido lá embaixo. Ele controla o fornecimento desse líquido tão raro nos dias de Mad Max. Sim, a água representa nesta nova versão o que era a gasolina nas décadas na trilogia anterior: artigo raro e de luxo.

Em “Mad Max”, não está fácil pra ninguém. Se o mundo atual é difícil, amigos, imagina após a hecatombe nuclear onde, por incrível que pareça, não sobraram nem baratas. E se elas sobrassem, virariam alimento.

Immortan Joe achava que viveria para sempre naquele bem bom e fazendo filhos em suas várias mulheres como se fosse um sultão do mundo desértico. Ele só não contava com a traição de Furiosa, que fez jus ao nome, colocou as garotas dele dentro do caminhão e fugiu para o outro lado do mundo.

A partir daí, meus caros, vem a tradicional corrida maluca de Mad Max, onde para sobreviver todo mundo tem que ser um pouco Dick Vigarista.

Immortan Joe rufa os tambores de guerra e pega o seu guitarrista cego para tocar os melhores acordes de heavy metal numa guitarra de dois braços que solta fogo que o Slash adoraria tocar e o Kiss invejaria pela pirotecnia. Todos colocam o pé fundo no acelerador e temos uma primeira cena de perseguição de TIRAR O FÔLEGO. Miller realmente não estava para brincadeira. Ele queria mostrar tudo o que era capaz.

E onde Max se insere nisso? Bem, ele cai de paraquedas nessa perseguição toda porque era prisioneiro de Nux (Nicholas Hoult) e é obrigado a formar uma aliança com Furiosa contra Immortan Joe e outras tribos para que ambos consigam escapar ilesos dessa aventura mortal.

A história de “Mad Max – Estrada da Fúria”, portanto, é simples. Um grupo de mulheres lideradas por Furiosa e com a ajuda de Max tenta escapar do domínio de Immortan Joe e ir para o tão falado Vale Verde, onde a grama do vizinho seria mais... verde do que nesse mundo amarelo, cheio de areia e com a água muito escassa. De preferência, todos devem chegar lá com vida. Ninguém pretende conhecer Valhalla por mais que... I live, I die, I live again.

No meio disso tudo, temos cenas ALUCINANTES de perseguição, carros maneiros (adorei o do porco-espinho e o do guitarrista) e personagens esquisitos e cheios de deformações. Nesse desfile, “Mad Max” ganha nota 10 em alegorias e adereços e em fantasias. Além da primeira cena, destaque para outra no meio de uma tempestade de areia.

“Mad Max” é um filme puramente de ação e com pouquíssimos diálogos. Logo, ecologicamente correto, pois não imprimiram mais do que cinco páginas por pessoa para entregar o roteiro. Miller deixa que as imagens e os olhares falem por si só e você vê poucas vezes tanto Hardy quanto Charlize dizendo algumas palavras. O resultado final disso tudo é pura diversão. Para ser perfeito, só faltou mesmo uma participação especial de Mel Gibson. E a Tina Turner cantando “We don’t need another hero”.


Tomara que pelo menos o Mel Gibson apareça no próximo filme (alguém duvida que teremos uma sequência?). Enquanto ele não vem, a corneta dará uma nota 9 para "Mad Max - Estrada da Fúria".

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