sábado, 13 de junho de 2015

Sobre o Monsters of rock

Ozzy Osbourne no Monsters of Rock
Reportagem originalmente publicada no dia 24 de abril de 2015. O link é este (Ozzy Osbourne e Judas Priest fazem a festa dos fãs)

SÃO PAULO - Era para o primeiro dia de Monsters of Rock ser uma grande celebração do heavy metal inglês. Mas um imprevisto entristeceu os fãs do Motörhead e deixou a festa incompleta. O vocalista Lemmy Kilmister passou mal na manhã de sábado e não pôde se apresentar na Arena Anhembi, em São Paulo. Assim, coube ao Judas Priest e a Ozzy Osbourne fazerem um show dentro do que os fãs esperavam para que o início do festival, que se encerra neste domingo com destaque para os shows do Manowar e do Kiss, não fosse prejudicado.

Com o cancelamento do Motörhead, o primeiro dia reuniu sete bandas de diferentes vertentes do heavy metal, mas desde cedo estava claro que o público presente na Arena queria mesmo ver o trio de roqueiros sessentões ingleses Lemmy-Rob Halford-Ozzy. A maioria das camisas (pretas, é claro) era com referências às bandas dos três artistas.

E tanto o Judas quanto o Ozzy não decepcionaram nem um pouco os seus fãs. Em 1h20m, o Príncipe das Trevas mostrou a conhecida disposição com seus passinhos de um lado para o outro, palmas e gritos para o público entremeados com o uso da expressão “fucking”, que dispensa traduções, quase como vírgula.

Aposentadoria é uma palavra que não faz parte do dicionário de Ozzy, 66 anos. Ele já disse estar compondo músicas para um novo álbum com o Black Sabbath, que deve ser lançado em 2016 e promete ser o último da histórica banda de heavy metal. Na véspera de sua apresentação, Ozzy prometeu um set list só com clássicos. Nem músicas do seu último álbum, "Scream" (2010), seriam incluidas.

Dito e feito. O cantor trouxe 12 músicas que formam parte da nata de sua carreira solo e com o Black Sabbath. Abriu o show com as demolidoras “Bark at the moon”, “Mr Crawley” e “I don’t know” e seguiu em frente dizendo que ama todo mundo e pedindo que Deus (provavelmente o Deus Metal) abençoe a todos.

Entre uma música e outra, pegava uma mangueira para jogar água nos fãs na frente do palco. Os demais foram molhados pela chuva que caiu um pouco mais forte justamente na apresentação do Príncipe das Trevas.

Da carreira solo, Ozzy cantou ainda “Shot in the dark”, “Suicide Solution”, “Road to Nowhere”, “I don’t wanna change the world” e “Crazy Train”, um clássico cujo refrão foi cantado pelos fãs na Arena. Do Black Sabbath, ele mandou as músicas que normalmente inclui em suas turnês: “Fairies wear boots”, “War Pigs”, que levou o público ao delírio, “Iron Man” e “Paranoid”, que fechou a apresentação de forma apoteótica. A ausência mais sentida foi a de “No more tears”, música que Ozzy não canta desde que Gus G passou a ser o seu guitarrista nas turnês solo. Em 2008, quando veio ao Brasil e fez shows no Rio e em São Paulo, Ozzy tocou a música, mas seu guitarrista era Zakk Wylde, o mesmo que gravou a faixa e o álbum “No more tears” em 1991.

Antes de Ozzy, o Judas Priest fez uma apresentação igualmente empolgante. Mesmo aos 63 anos, Rob Halford ainda é capaz de soltar agudos impressionantes que ecoaram pela Arena Anhembi e quase estouraram os tímpanos dos seus fãs. Na quinta-feira, a banda já havia empolgado o público carioca.

O show começou “Dragonaut”, canção do mais recente álbum da banda, “Redeemer of Souls”, lançado no ano passado. Do mesmo disco, também foi tocada a boa “Halls of Valhalla”, mas o que o público queria mesmo ouvir eram os sucessos do passado. E “Love Bites”, “Breaking the Law”, “You’ve gotta another thing comin’” e “Painkiller” estavam lá para satisfazer os anseios da multidão. “Living after midnight” fechou a apresentação.

O Judas Priest começou o show 14 minutos antes do que estava previsto, pois foi acertado com a banda que ela faria um set com 30 minutos a mais como forma de compensar a ausência do Motörhead. Com isso, o show da banda acabou sendo maior até do que o Ozzy, considerada a atração principal do dia.

SEPULTURA NO PALCO

O cancelamento do show do Motörhead, aliás, foi uma frustração principalmente para os fãs que pretendiam ver a banda pela primeira vez. De acordo com a nota divulgada pela organização do Monsters of Rock, o vocalista sofreu de um “sério distúrbio gástrico, seguido de uma forte desidratação”. Perto da hora do show começar, um funcionário do evento subiu ao palco para dar a má notícia aos fãs e anunciar que o Sepultura faria uma apresentação especial com os outros membros da banda, Phil Campbell (guitarrista) e Mikkey Dee (baterista).
Com a ajuda da banda brasileira, os dois tocaram três músicas do Motörhead: “Orgasmatron”, “Ace of spades” e “Overkill”.

Assim, Andreas Kisser acabou subindo duas vezes ao palco neste sábado. No horário do almoço, ele havia sido o primeiro músico a tocar com o seu projeto paralelo “De la Tierra”, banda latino-americana de metal que reúne integrantes argentinos e colombianos. Logo depois, entraram no palco os alemães do Primal Fear e os americanos do Coal Chamber.

Uma das boas surpresas do primeiro dia foram os americanos do Rival Sons. Com uma pegada blueseira misturada ao hard rock, o grupo do vocalista Jay Buchanan, formado em 2009, conquistou o público logo nas duas primeiras canções e saiu do palco consagrado.

GRUPO VAIADO

O mesmo não se pode dizer do também americano Black Veil Brides, cujo glam metal que lembra um pouco o Mötley Crue não foi bem recebido. Até vaias o grupo teve que ouvir, mas o vocalista Andy Biersack tentou ignorá-las e foi irônico com os que não estavam curtindo a banda.

- Aos que não estão felizes por estarem aqui, peço desculpas. Ainda assim, nós estamos felizes. Sei que vocês não estão aqui necessariamente para nos ver, mas obrigado mesmo assim – disse Biersack, de 24 anos, que chegou a abandonar o palco, mas depois voltou para finalizar o show ouvindo gritos de “Motörhead”.

Sobre a banda de Lemmy, ainda é uma incógnita se ela conseguirá se apresentar nas outras datas da turnê brasileira em Curitiba, na terça-feira, e em Porto Alegre, no dia 30. Aos 69 anos, diabético e com um histórico de problemas cardiovasculares após uma vida de excesso de drogas e álcool, o vocalista precisa cuidar da saúde de tempos em tempos. Em janeiro, o Motörhead cancelou apresentações na Europa por causa dos problemas de saúde do cantor. Em 2013, Lemmy chegou a abandonar um show no festival Wacken, na Alemanha, após passar mal. Resta aos fãs paranaenses e gaúchos torcerem para Lemmy se recuperar a tempo de poder se apresentar nas duas próximas datas.

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