terça-feira, 26 de janeiro de 2016

In love

Que saco essa vida sem internet
Se o amor é brega e torturante hoje, imagina nos anos 50. Aquela eterna troca de olhares, três meses negociando para ver um tornozelo... Tudo era difícil na era pré-internet, amigos. Não havia Tinder para dar match. E como Therese (Rooney Mara) ia adorar ter um Tinder. Seria muito mais fácil para ela se arranjar. E não ia precisar aturar um noivo nada mara.

Mas estávamos nos anos 50. E sua melhor chance era uma incrível mulher chamada Carol (Cate maravilhosa casa comigo Blanchett) que ela conheceu por acaso na loja de brinquedos que trabalhava. 

Carol nunca ia precisar de Tinder, pois sempre foi atiradinha. E quando soube que Therese gostava mais de trenzinhos do que de bonecas (lembrem, estávamos nos anos 50 e os times azul e rosa eram bem delimitados), ela FAREJOU a oportunidade e pensou: "Tá no papo". Basta só usar o velho truque de deixar para trás um objeto pessoal como isca. Mas tudo com muita classe. Afinal ela é uma mulher da alta sociedade e é a Cate Blanchett. 
Musa, 
Diva,
Rainha das loiras,
Única, 
A diferentona

"Carol" é uma história de amor. E como toda história de amor, ela pode ser bem boring para quem não está vivendo uma história de amor neste momento. 

Como toda história de amor ela tem os seus percalços. É assim desde que Shakespeare escreveu "Romeu & Julieta" no século XVI. E tudo só ficou ainda mais dramático quando o Romantismo bateu à porta com delicadeza e dramaticidade no século XIX. 

No caso de Carol, o complicador é o marido. Ao invés de aceitar, pois sempre dói menos, Harge (Kyle Chandler fazendo o perfeito corno vingativo) resolveu brigar para manter a ex-atual nas suas garras. Ameaçou até impedir nossa heroína de ver a filha para sempre, pois Carol não teria envergadura moral para até trocar olhares com Rindy. Óbvio que a coisa ficou feia. Não se mexe na relação mãe-filha sem a coisa ficar feia. 

Mas como resistir àquela jovem vendedora aprendiz de fotógrafa que ventila a possibilidade de trabalhar no New York Times? Como não propor um fim de ano mágico? Aquele folgão de Natal e Ano Novo viajando para uma cidadezinha distante e ver o que podia rolar ali, com elas duas entre quatro paredes. É difícil resistir a Rooney (a Mara, não o Wayne). É impossível resistir a Cate.

Dirigido por Todd Hayes, "Carol" conta essa angustiante e tortuosa busca pelo amor e por descobrir quem você realmente é. Tudo feito num ritmo bem lento, na troca de olhares, nos pequenos gestos, captando quase a respiração das duas atrizes. E temos aí um mérito. 

Mas você menino-ogro tarado poderia dizer: Meu Deus, parece "50 tons de cinza"! Como demoram a trepar! Amigo, eram os anos 50. Lembra o que eu disse lá atrás? Meses para ver um dedo mindinho. Fora a culpa e o desejo flutuando lado a lado. Você foi ver um cruzamento de Jane Austen com Lord Byron achando que estava diante de Brasileirinhas? 


Ok, Cate está bem, mas Rooney não está mara (perdão pelo trocadilho), o filme tem sensibilidade, mas deu soninho em determinados momentos. Eu disse, Histórias de amor podem ser bem chatas. E "Carol" fica no meio do caminho. Não é um completo estorvo. Mas não é uma obra-prima. Vai ganhar uma nota 6,5.

Indicações ao careca dourado: Melhor atriz (Cate Blanchett), atriz coadjuvante (Rooney Mara), roteiro adaptado, fotografia, trilha sonora original e figurino.

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