domingo, 21 de fevereiro de 2016

Rolling Stones no Maracanã

Mick Jagger e Keith Richards/Marcelo Alves
Seres humanos que cornetam não criam limo. Embora poucas coisas sejam mais MALEMOLENTES que Mick Jagger, não poderíamos deixar de tecer alguns comentários sobre o show dos Rolling Stones no Maracanã. 

1- Eu não sei quantas vezes os Stones tocaram "Satisfaction" na vida. Mas a banda já fez mais de 2 mil shows desde a sua criação. Logo, não é exagero dizer que eles podem ter tocado a música que tem o riff mais famoso do rock pelo menos 1,5 mil vezes. E a galera sempre vai pedir mais. Sempre estará mega empolgada, pois é um clássico. Nada mal para quem dizia que preferia estar morto a cantar "Satisfaction" com 45 anos, hein Mick? (E ele já tem 72). 

2- Não, gente, não é verdade que se juntássemos as idades do quarteto (72 de Mick e Keith, 74 de Charlie e 68 de Ronnie) e voltássemos no tempo em um número equivalente de anos encontraríamos Jesus Cristo. Mas como voltaríamos para 1.730 daria tempo de sobra para se preparar para ver a Revolução Francesa de camarote (ela rolou em 1.789). Também daria para brincar com o jovem Immanuel Kant (seis anos), discutir com o adolescente rebelde Jean Jacques Rousseau (18 anos) e bater um papo com Benjamin Franklin (25 anos) e Voltaire (36 anos). Além de ver o nascimento do fofo bebê George Washington, que aconteceria dois anos depois, e acompanhar, em 1762, a incrível e midiática turnê europeia do menino Mozart, de seis anos, o Justin Bieber do século XVIII. 

3- O palco dos Stones é todo colorido em tons carnavalescos como se fosse uma alegoria de uma escola de samba. Ainda bem que o som que veio de lá é infinitamente melhor. 

4- Doctor Pheabs tocou para público de Campeonato Carioca. Ou seja, praticamente ninguém. Eles se esforçaram com um som pesado, mas chamaram mais atenção pelo vocalista ter dito que uma música chamada "Godzilla" tinha relações com ter mulheres com TPM em casa. Ninguém riu. Como ninguém riu das anedotas subsequentes sempre envolvendo a vida sexual da banda. 

5- Ultraje a rigor apostou nos sucessos em um show BANHADO por um temporal. O Ultraje, aliás, foi a única banda que tocou debaixo de chuva. Claramente é culpa do PT, Roger. No início, o vocalista foi chamado de coxinha, mas respondeu que não dava para ouvir direito do palco dos Rolling Stones. Depois emendou: "Coxinha é sua mãe". Teve "Ciúme", "Pelado", "Nós vamos invadir sua praia", enfim, o repertório que o Ultraje tem e não dá para mudar. 

História no Maracanã/Marcelo Alves
6- Entre as frustrações da minha vida está a de não saber fazer dancinhas como a do Mick Jagger, de longe o melhor dançarino desde a morte de Michael Jackson (cujo moonwalk era outra frustração particular). 

7- O prêmio Flashdance de melhor dancinha, aliás, é a de "Out of Control". 

8- Eu quero chegar aos 72 anos tocando guitarra de forma blasé igual ao Keith Richards. Mas continuo achando que não dá para ele cantar. 

9- Keith e Ronnie Wood, por sinal, dominam a arte de tocar guitarra e segurar o cigarro ao mesmo tempo. Não tentem isso em casa, crianças. 

10- Belo Horizonte estava em peso no Maracanã. O estádio não via algo assim desde a invasão corintiana na década de 70. Rolou até hino do Galo no caminho do metrô. 

11- "Gimme Shelter" = puro amor. Uma vida inteira esperando para ver essa música ao vivo. 

Mick com Sasha no palco/Marcelo Alves
12- Sasha = puro amor️. Não é a Lisa Fischer, mas deu conta do recado. 

13- Patricia Pillar respirou por dois segundos no mesmo metro quadrado que eu. E agora, Veríssimo?

14- Eu acho que Charlie Watts e Keith Richards estão começando a ficar velhos. Rolam claros sinais de calvície em ambos. 

15- Desde que teve um filho brasileiro Mick Jagger deu um improvement no português. Está falando melhor que o Eddie Vedder. 

16- Dezenove canções em 2h20min de show. Quatro músicas do "Let it bleed" (1969). Outras duas vieram do "Some Girls" (1978). Foram os álbuns mais tocados de um total de 13 contemplados. 

Keith e Mick/Marcelo Alves
17- Do "Exile on main street" só veio uma. Merecia mais hein. Merecia o disco na íntegra. Mas em uma banda com meio século de carreira sempre vai faltar música. 

18- "Doom and Gloom" foi a mais nova música do show. Lançada em 2012, ela é ótima ao vivo.

19- "Start me up", "Tumbling Dice", "Paint it Black", "Midnight Rambler", "Brown Sugar", "Sympathy for the devil" e "Jumpin' Jack Flash". Puro amor. 

20- Queria ver mais uns três shows, queria ir para São Paulo, queria ir para onde eles fossem tocar, mas como os próprios Stones cantam: "you can't always get what you want"...

Nenhum comentário: