sexta-feira, 18 de março de 2016

Iron Maiden: parte VI

Iron e seu novo cenário/Marcelo Alves
Não existe noite de show do Iron Maiden completo sem que ele termine com os devidos comentários malemolentes.

1- A expectativa era grande pelo primeiro show no Hell de Janeiro desde que Bruce Dickinson se recuperou de um câncer na garganta. Quando aconteceram umas falhas no som logo no início com "If Eternity should fail" e "Speed of light" rolou na minha alma um sentimento de Lula em telefone grampeado: "puta que pariu, fodeu, ele não está conseguindo cantar". Mas aparentemente era só o microfone mais baixo em meio à explosão de guitarras.

2- Isso porque quando veio a terceira música do show, uma canção daquelas que para atingir todas as notas é preciso usar cueca apertada... aí amigo a história foi diferente. Quando Bruce soltou aquele "Children of the daaaaaaaaaaaaaammmmmned", o HSBC Arena sofreu abalos sísmicos. Estávamos em mais um show épico do Iron.

3- Não tem jeito, Bruce Dickinson é o maior Bruce que existe. Um pouco à frente do Springsteen e do Wayne, muito à frente do Banner, que é muito esquentadinho.

4- O Iron é uma religião. E qualquer detalhe significa fãs possuídos. É o caso do cara perto de mim que teve um orgasmo simplesmente quando tiraram os panos pretos do palco durante "Doctor Doctor", pouco antes da banda entrar no palco. Ele gritou: "Olha o CENÁRIO!!!!". Sim, amigos, o Iron tem sommelier de direção de arte.

The trooper, um clássico/Marcelo Alves
5- Todo show do Iron é diferente. Mas com algumas canções em comum. Clássicos eternos que estiveram presentes nas minhas seis vezes diante da banda: "Fear of the dark" (com direito a risadinha maléfica), "The Trooper" (com direito a bandeiras britânicas sacudidas), "Iron Maiden" (momento Eddie gigante) e "The number of the beast" (com direito a um maravilhoso capeta surgindo no fundo do palco).

6- Faltou "Two minutes to midnight". Talvez não rolou porque não tinha clima. O show acabou 23h10min depois de duas horas de espetáculo.

7- Foram seis músicas do novo álbum, o muito bom "Book of Souls". Além das duas já citadas lá em cima teve ainda "Tears of a clown", composta em homenagem a Robin Williams, "The red and The black", "Death of Glory" e "Book of souls". E ao vivo elas são ainda melhores.

8- Bruce gritou 11 vezes "Scream for me Brazil" ou "Scream for me Rio". Só em "Powerslave" foram cinco vezes. E ele sempre foi atendido.

9- O vocalista também disse que não para de ver bandeiras do Brasil na CNN. Com a sabedoria de quem é o guia de uma nação, Bruce pediu que os bad guys fossem para a cadeia e todos se amassem.

10- Como as novas músicas têm muitos solos, arpejos e fru-frus em geral, não falta trabalho para os guitarristas Dave Murray (cada vez mais tiazona) Janick Gears (que continua sendo aquele simpático presepeiro) e Adrian Smith. Nós curtimos.

11- Steve Harris está sempre fazendo aquela cara de mal. Afinal, alguém tem que ser sério e tomar as rédeas desse negócio!

Capetinha extra/Marcelo Alves
12- Já o Nicko McBrain continua sendo tratado pelos fãs como o mascote do grupo. Ele é mais mascote que o Eddie, que poderíamos dizer que é um guia espiritual.

13- "Blood Brothers", do "Brave new World" (2000), foi uma boa decisão de incluir no set list. Bela canção. Mas é claro que sempre faltam muitas músicas. Afinal, o show tem apenas 2h e o Iron ainda gosta de exibir uma coletânea de faixas acima de oito minutos.

14- Foi tudo lindo. Podem falar para o Medina contratar o Iron para fechar um dos dias do metal no Rock in Rio de 2017. Até lá o show estará ainda mais azeitado.

Cotação da corneta: 9

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