sexta-feira, 1 de julho de 2016

Um herói brasileiro

Aldo estava um pouco nervoso
Nunca fui um fã de MMA. Pelo contrário, nem acho que seja esporte. Mas eu sou fã de cinebiografias e histórias minimamente interessantes. Por isso, não pensei duas vezes em ir para o cinema para ver "Mais forte que o mundo: a história de José Aldo"

O filme sobre o lutador de MMA que ficou dez anos invicto e é uma das maiores estrelas do esporte tem uma série de defeitos, mas ao mesmo tempo também pode ser encarado como uma boa diversão. Vejo, portanto, como uma metáfora do Brasil na visão de muitos. Cheio de problemas, mas com sua beleza. 

A primeira parte de "Mais forte que o mundo" se passa na fase da vida de Aldo, vivido de forma muito competente por José Loreto, em Manaus. Vida sofrida, problemas de relacionamento com o pai (Jackson Antunes), um alcoólatra que agredia a sua mãe (Claudia Ohana), alguém que não se encontrou com o mundo, não sabe o que quer, mas tem uma agressividade latente. 

Essa fase inicial, resvala um pouco no brega, mas nos coloca um Aldo já num momento em que curti muito. Uma relação com seus demônios interiores personificado na figura de Fernandinho (Rômulo Neto). Sim, tem o maior jeitão de "Clube da Luta". Sim, não tem a mesma sutileza do filme estrelado por Brad Pitt, mas funciona satisfatoriamente. E talvez nem fosse o desejo do diretor Afonso Poyart imitar ou ser sutil como o "Clube da Luta". 

Mas a melhor fase do filme fica para o Rio de Janeiro. Sai aquele tom sombrio, entra a luz, como se a vida de Aldo começasse a se transformar. É no Rio que ele começa a batalhar para se transformar em um lutador, conhece Viviane (Cléo Pires), a mulher com quem se casaria, e passa a treinar com o midas Dede Pederneiras (o excelente Milhem Cortaz). 

Mas o eixo de "Mais forte que o mundo" está na relação de Aldo com o pai. O lutador o descreve como seu maior incentivador, mas ele também personifica um desejo de vingança. Uma relação de amor e ódio, que Aldo só parece resolver na fase final da vida do pai, perdoando-o por seus inúmeros defeitos. 

"Mais forte que o mundo" poderia ser um filme muito legal, mas se me for permitido fazer uma crítica, acho que Poyart exagerou um pouco na tentativa de construir um épico. Exagerou no cruzamento de "Ben-Hur" com "Rocky IV" e "Clube da Luta". Para não falar no excessivo uso de uma câmera lenta à moda "300".

Mas a cinebiografia de Aldo pode ser apreciado como uma boa diversão de uma "Sessão da Tarde". E uma boa forma de conhecer um pouco da história do lutador, que é um dos ídolos do MMA. Por isso, vai ganhar uma nota 6,5.

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