quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Best Of 2015 - Cinema

'Sicário', o melhor filme de 2015
Sim, leitores de Memórias da Alcova, chegamos ao último dia do ano e, junto com ele, temos que listar os melhores e, claro, os piores filmes de 2015. É o momento da famosa premiação “Corneta Awards”. A regra aqui é clara: Todo e qualquer filme que estreou no Brasil entre 1º de janeiro e 30 de dezembro, também conhecido como ontem, está apto a entrar na lista. Os que passaram no crivo vão para o top-10. Os que fracassaram na cotação da corneta, vão para o top-5 do mal. Além disso, temos as premiações individuais com categorias marotas, salientes e malemolentes.

Sem mais delongas, comecemos pelos melhores e piores filmes de 2015. Sempre numa ordem de ranking porque listas e rankings são polêmicas e alimentam discussões de bar e de ceias de réveillon.

OS MELHORES FILMES

Como todo ano, chegar ao top-10 foi um trabalho árduo. Vinte e dois filmes ficaram na pré-lista da corneta. Logo, 12 deles precisaram ser cortados. Ficaram de fora, bons trabalhos como “Acima das nuvens”, “O jogo da imitação”, “Perdido em Marte” ou “Para sempre Alice”. Além de outros muito divertidos como “Kingsman: Serviço secreto”. Também foi com dor no coração que eu cortei da lista final “45 anos”, “Labirinto de mentiras”, o novo do Ken Loach, “Jimmy’s Hall”, e a estreia de Mélanie Laurent na direção com “Respire”, todos excelentes trabalhos. Sem contar “Aliança do crime”, um ótimo filme como Johnny Depp não fazia há muito tempo, o chileno “O clube” e o espanhol “Pecados antigos, longas sombras”. Todos ganham a menção honrosa.

Feitas estas ressalvas, vamos ao top-10 da corneta.

10º lugar – “O cidadão do ano” – Na ausência de um Tarantino neste ano, o diretor Hans Petter Moland fez a sua história particular de vingança estrelada por Stellan Skarsgard. Apesar do sangue jorrando pela tela, o filme norueguês é divertidíssimo, no melhor estilo do diretor americano que volta aos cinemas na semana que vem com “Os oito odiados”.

O drama turco 'Winter Sleep' entrou na lista
9º lugar – “Winter Sleep” – Sim é um filme turco. Sim, é um filme turco de três horas de duração. Mas é um excelente filme que aborda questões éticas, filosóficas e morais dentro de uma comunidade turca na Anatólia. Dê uma chance. A corneta “agarante”.

8º lugar – “O julgamento de Viviane Amsalem” – O “Corneta Awards” este ano está bem eclético. Este filme é israelense e dirigido por Ronit e Sholomi Elkabetz. É a história de uma mulher que deseja se separar do marido, mas sofre por anos para conseguir isso, pois ele não quer dar o divórcio, ao mesmo tempo em que têm o apoio de uma cultura machista e um rabino que privilegia a visão do homem na questão. Aos poucos, os diretores vão revelando as camadas da complexidade de um casamento falido, ao mesmo tempo em que expõe tudo com muita delicadeza. Ronit também é a atriz que faz Viviane e tem uma atuação excelente.

'Timbuktu: da Mauritânia para o top-10
7º lugar – “Timbuktu” – O filme dirigido por Abderrahmane Sissako foi o indicado da Mauritânia ao Oscar de filme estrangeiro. É um excelente trabalho sobre a atuação de jihadistas em uma comunidade no Mali impondo regras e o terror à população usando a lei islâmica como pretexto.

6º lugar – “Adeus à linguagem” – Ter um Jean-Luc Godard no top-10 é um luxo. E aos 85 anos, o diretor franco-suíço ainda consegue ser completamente diferente e inovador ao filmar pela primeira vez em 3D. Godard não está nesta lista apenas por ser um nome genial da história do cinema. Seu “Adeus à linguagem” é uma experiência sensorial única dentro de uma história filmada ao seu estilo sobre um casal em crise. Godard conseguiu fazer um 3D que vale a pena de ser visto, ao contrário de muita picaretagem que vemos por aí.

É muito amor á bateria
5º lugar – “Whiplash – em busca da perfeição” – Isto é uma obra única, amigos. O trabalho de Damien Chazelle vencedor de três Oscar é um filmaço sobre um rapaz que deseja obsessivamente ser o melhor baterista de jazz dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que lida com um professor que o faz ultrapassar todos os limites possíveis. Grande filme e um excelente trabalho da dupla principal, Miles Teller e J.K. Simmons. Este último merecidamente ganhou um Oscar de ator coadjuvante.

4º lugar – “Birdman” – Em meio a tantos filmes de super-heróis, Alejandro González Iñarritu nos deu um filmaço sobre um ator fracassado que tenta ser levado a sério no teatro anos depois de ficar famoso vivendo um herói dos quadrinhos no cinema. “Birdman” talvez seja a melhor atuação de Michael Keaton na carreira. Além disso, tem uma trilha sonora fantástica só com solos de bateria e um esquema de plano-sequências extremamente interessante. O trabalho venceu quatro Oscar, entre eles os de melhor roteiro, direção e filme.

Max esteve numa enrascada
3º lugar – “Mad Max – Estrada da Fúria” – Num ano de tantos retornos de velhas franquias do passado (Missão Impossível, James Bond, Star Wars, etc...), George Miller voltou quebrando tudo com o seu “Mad Max”. Com Tom Hardy no papel que outrora foi de Mel Gibson, o trabalho de Miller se destaca pelas excelentes cenas de perseguição e pela presença HIPNÓTICA de Charlize Theron no papel de Furiosa, a grande heróina do filme que fala sobre um futuro apocalíptico onde as pessoas brigam por um bem preciosíssimo: água. “Mad Max –Estrada da Fúria” é um filme-pipoca da mais alta qualidade. Tanto que andou vencendo prêmios nos EUA onde filmes de ação não costuma aparecer.

'O ano mais violento': filmaço
2º lugar – “O ano mais violento” – Com apenas 42 anos, o diretor J.C. Chandor já tem bons serviços prestados ao cinema. Fez o excelente “Margin Call”, décimo lugar no Best Of de 2011, e o bom “Até o fim”, sobre um navegador vivido por Robert Redford que têm que sobreviver sozinho às intempéries do Oceano Pacífico. “O ano mais violento” é uma história estrelada por Oscar Isaac e Jessica Chastain. O filme se passa em Nova York na década de 80 e conta a saga de um imigrante vivido por Isaac e sua esposa, que tentam prosperar nos negócios, mas não conseguem escapar da corrupção, decadência e brutalidade que dominam a região em que vivem.

Emily comeu o pão que o diabo amassou
1º lugar – “Sicário – terra de ninguém” – Excelente trabalho de Denis Villeneuve, diretor de “Incêndios”. Estrelado por Benicio Del Toro, Josh Brolin e Emily Blunt, o filme fala sobre a caçada americana para tentar destruir o violento cartel de drogas mexicano, que exporta quilos e mais quilos de cocaína e outras drogas para os Estados Unidos anualmente. É uma história violenta, dura, pessimista, mas cruelmente real ao retratar a brutalidade do cartel mexicano que vive na fronteira e as medidas nada ortodoxas dos americanos para lidar com os bandidos. É daqueles filmes sem mocinhos ou bandidos. Todos têm alguma culpa no cartório. Ótimo filme que merecidamente ganha o prêmio de melhor do ano da Corneta.

PIORES FILMES:

Depois das flores, a hora dos espinhos. Vamos para as cinco maiores bombas de 2015.

5º lugar – “Caminhos da Floresta” – Junte todos os contos de fada, dê uma chacoalhada e transforme num musical. Isso é “Caminhos da Floresta”, um dos filmes mais PAVOROSOS de 2015. Talvez só Anna Kendrick e Meryl Streep se salvam dessa tragédia.

'Quarteto fantástico': vergonha alheia
4º lugar - “Quarteto Fantástico” – Existe uma caveira de burro enterrada nos sets de filmagem de todo filme do Quarteto Fantástico, uma história em quadrinhos tão legal que só gera filme ruim. Esta é a terceira bomba já feita sobre o grupo. Realmente Hollywood não consegue acertar quando se trata de Red Richards, Sue e Johnny Storm e Ben Grimm.

3º lugar – “Cinquenta tons de cinza” – Esta é uma das grandes vergonhas de 2015. Como se não bastasse o roteiro ruim, a história pífia e as atuações constrangedoras, este “Sabrina” com raio gourmetizador ainda iludiu o mundo naquilo que prometia mais. Sim amigos, Dakota Johnson usou um dublê de corpo.

2º lugar – “Olhos da Justiça” – “O secreto dos seus olhos”, o filme argentino de Juan José Campanella, foi eleito pelo “Corneta Awards” o melhor filme de 2010. Era um filmaço. Esta versão americana é PÍFIA e um desperdício absoluto de talentos (Julia Roberts, Nicole Kidman, Chiwetel Ejiofor, etc...). Fica a pergunta: Por que refilmar uma história que já era excelente? Só para ter alguém falando em inglês? Patético.

Defina constrangimento
1º lugar – “Sexo, amor e terapia” – Uma verdadeira afronta ao tradicional cinema francês, “Sexo, amor e terapia” quebrou todos os paradigmas de ruindade em 2015. Uma história horrorosa, personagens toscos, roteiro patético e um desperdício de talentos como Sophie Marceu e Patrick Bruel. O filme é um strike de coisas horríveis. Passe longe. Não veja na TV, não faça download. É o primeiro filme nota zero da história da corneta. Esqueça dele e terás uma vida próspera.

MAIS PRÊMIOS DA CORNETA:

Troféu decepção de 2015 – Era grande a expectativa pelo final de “Jogos Vorazes”, mas a segunda parte do tomo “A esperança” revelou-se um fracasso. No fim, o cinema mudou coisas fundamentais do livro e o transformou num grande conto de fadas. Faltou ousadia e alegria para fazer um verdadeiro clássico.

O herói do ano – Harry Hart (Colin Firth), o herói de “Kingsman” teve seus momentos incríveis, enquanto Ethan  Hunt (Tom Cruise em “Missão Impossível: Nação Secreta”) é sempre um candidato, mas o ano, amigos, é de Bond, James Bond. Num dos melhores filmes da série, “Spectre”, 007 voltou na pele de Daniel Craig para salvar o mundo, tomar martinis e transar com Bond Girls como manda o figurino. Tudo sem amarrotar o terno. É novamente um herói de classe como os fãs gostam.

Blofeld, o arqui-inimigo de Bond
O vilão do ano – Também de “Spectre” sai o vilão de 2015. Ernst Stavro Blofeld (Christoph Waltz) voltou para atazanar a vida de Bond e para a alegria dos fãs da série. Waltz ainda promete aprontar muito na série.

O retorno do ano – Num ano de muitos retornos de séries clássicas (007, Missão Impossível, Mad Max), acho que nada foi mais esperado do que a volta de “Star Wars”. E o novo filme, “O despertar da força” não decepcionou. J.J. Abrams nos entregou um filme de fã para fã e que abre uma série de possibilidades para o futuro. Defintivamente, “Star Wars” ganha o troféu “Comeback of the year”.

No filme não vale nada, mas gostamos de você
A musa de 2015 – Esta é das categorias mais importantes do “Corneta Awards”. E pela primeira vez na história teremos uma bicampeã. Vencedora do troféu em 2012, Jessica Chastain leva novamente o prêmio pelo conjunto da obra em dois filmes de 2015: “O ano mais violento”, quando fez uma trambiqueira, maior 171, mas que amamos, e “Perdido em Marte”, quando ela era uma nobre capitã da espaçonave que resgata Matt Damon do planeta vermelho. Impossível resistir a essa ruiva, que agora carrega o seu segundo troféu de musa para casa. E relembrando todas as campeãs até aqui: Sharon Stone (2006), Eva Mendes (2007), Penélope Cruz (2008), Kate Winslet (2009), Anna Mouglalis (2010), Cecile de France (2011), Jessica Chastain (2012), Melanie Laurent (2013) e Eva Green (2014).

A melhor cena de sexo – “Love” é um filme muito ruim, bem ruim, mas o trabalho de Gaspar Noé ficou famosinho por duas coisas: muito sexo e tudo isso feito em 3D. Fiquemos então com um ménage clássico entre os três personagens principais para que este filme não saia de mãos abanando de 2015.

A melhor cena de briga – Nada, absolutamente NADA, supera a cena da igreja protagonizada por Colin Firth em “Kingsman: Serviço Secreto”. Coisa de obra-prima. (VEJA AQUI)

O filme Sessão da Tarde do ano – Divertido como um velho filme de espião dos anos 60, “O agente da U.N.C.L.E” é daqueles filmes tão leves e legais que merecia ter um segundo. De preferência com uma participação maior de Hugh Grant, que esteve impagável no pouco tempo que apareceu.

A cena mais absurda – Bem que Liam Neeson tentou levar esse prêmio ao parar um avião que estava decolando jogando um Porsche contra o trem de pouso da aeronave em “Busca Implacável 3”, mas nada supera a picaretagem de um carro atravessando DE UM PRÉDIO GIGANTESCO PARA O OUTRO em Dubai de “Velozes & Furiosos 7”. É a cena mais absurda de um filme cheio de loucuras. Uma divertida obra picareta. (VEJA AQUI)

Os melhores roteiros – Top-5 de 2015: “Whiplash – em busca da perfeição”, “Birdman”, “O ano mais violento”, “O Clube” e “Sicário”.

Os piores roteiros - O top-5 do mal: “Sexo, amor e terapia”, “Love”, “Quarteto Fantástico”, “Cinquenta tons de cinza” e “Chappie”.

'Adeus à linguagem', filmaço de Godard
O filme francês do ano – “Samba” merece uma menção honrosa, mas pelos motivos expostos no top-10, “Adeus à linguagem” é o filme francês de 2015.

O filme argentino do ano – Pablo Trapero nos deu o bom “O Clã”, que conta a história de uma família que ganhava a vida fazendo sequestros durante a ditadura argentina. Tem um plano-sequência em uma cena do jantar que é maravilhoso.

O filme brasileiro do ano – Talvez seja a grande injustiça do “Corneta Awards – 2015”. Como não consegui ver “Que horas ela volta?”, o filme não poderá ser votado. Mas acho que o documentário “Chico Buarque: artista brasileiro” está bem representando aqui.

O filme de quadrinhos do ano – Nem Marvel, nem DC. O prêmio deste ano ficará com “Kingsman: Serviço secreto”, filme baseado nos quadrinhos de Mark Millar. Foi um dos mais divertidos de 2015.

O filme-pipoca do ano – Perdão “Star Wars”, perdão 007, perdão “Missão Impossível”, mas o grande filme-pipoca de 2015 é “Mad Max – Estrada da Fúria”.

O melhor filme ruim – Você ainda não viu “O sétimo filho”? Não sabes o que está perdendo. Tem Jeff Bridges canastrão, tem Julianne Moore fazendo uma bruxa e tem uma história de amor estilo Romeu e Julieta, com a diferença que os protagonistas não morrem. É tosco, mas é divertido.

Os melhores diretores – Damien Chazelle (“Whiplash – em busca da perfeição”), Alejandro Gonzalez Iñarritu (“Birdman”), Jean-Luc Godard (“Adeus à linguagem”), Denis Villeneuve (“Sicário”) e, claro, George Miller (“Mad Max – Estrada da Fúria”).

Os piores diretores – Billy Ray (“Olhos da Justiça”), Gaspar Noé (“Love”), Sam Taylor-Johnson (“Cinquenta tons de cinza”), Neil Blomkamp (“Chappie”) e Tonie Marshall (“Sexo, amor e terapia”).

Melhores atuações masculinas – Johnny Depp (“Aliança do crime”), J.K. Simmons (“Whiplash”), Eddie Redmayne (“A teoria de tudo”), Oscar Isaac (“O ano mais violento”) e Mark Rylance (“Ponte dos Espiões”).

Piores atuações masculinas – Patrick Bruel (“Sexo, amor e terapia”), Hugh Jackman (“Chappie”), Collin Farrel (“Miss Julie”), Chris Pratt (“Jurassic World”) e Miles Teller (“Quarteto Fantástico”).

Marion Cotillard no filme dos Dardenne
Melhores atuações femininas – Charlotte Rampling (“45 anos”), Emily Blunt (“Sicário”), Helen Mirren (“A dama dourada”), Amy Adams (“Grandes Olhos”) e Marion Cotillard (“Dois dias, uma noite”).

Piores atuações femininas – Dakota Johnson (“Cinquenta tons de cinza”), Bryce Dallas Howard (“Jurassic World”), Sophie Marceu (“Sexo, amor e terapia”), Kate Mara (“Quarteto Fantástico”) e Aomi Muyock (“Love”).

E assim termina o Best Of 2015. É claro que ano que vem continuarei cornetando tudo e todos. Um feliz ano novo para todos os que me aturaram neste ano. Em 2016 tem mais. 

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